Udinese surpreende Inter de Milão por 2 a 1 no San Siro, pela Serie A

Udinese surpreende Inter de Milão por 2 a 1 no San Siro, pela Serie A
  • set, 1 2025
  • 0 Comentários

Noite de choque no San Siro. A Udinese virou para 2 a 1, derrubou a Inter de Milão e encerrou um tabu como visitante que vinha desde dezembro de 2017. Foi a primeira derrota dos nerazzurri na Serie A 2025/26, uma freada brusca depois da goleada por 5 a 0 na estreia. O roteiro teve herói e vilão do mesmo lado: Denzel Dumfries marcou, mas cometeu o pênalti do empate. Keinan Davis foi frio na batida e ainda deu assistência para Arthur Atta acertar um chute de fora da área que silenciou o estádio.

Como foi o jogo

A Inter começou no modo rolo compressor. Linha alta, circulação rápida e amplitude pelos lados com Dumfries. Aos 17 minutos, a pressão virou vantagem: Marcus Thuram arrancou pela esquerda, cruzou forte e rasteiro, e Dumfries apareceu no segundo pau para empurrar para as redes. Parecia o script de mais uma noite tranquila em Milão.

Mas o jogo virou em doze minutos. Aos 29, cruzamento da Udinese, disputa aérea e a bola tocou no braço de Dumfries dentro da área. O árbitro checou no VAR e marcou pênalti. Keinan Davis bateu no canto baixo, sem firula, 1 a 1. O empate esfriou a Inter e acendeu a estratégia friulana: bloco médio-baixo, linhas compactas e transição vertical.

O golpe mais duro veio aos 40. A Udinese recuperou a bola no meio, Davis protegeu e serviu Arthur Atta, que avançou com espaço e bateu de média distância, firme, no canto de Yann Sommer. Virada. O contra-ataque saiu como manda o manual: poucos toques, decisão rápida e chute limpo. A Inter sentiu.

O intervalo trouxe um time da casa mais agressivo e instalado no campo ofensivo. A ideia era clara: acelerar as trocas, abrir o corredor para Dumfries e Dimarco e tentar infiltrações com Thuram. Aos 56, a explosão do San Siro durou pouco. Dimarco pegou de primeira e marcou um golaço, mas o VAR voltou a cena e anulou por impedimento de Thuram no início da jogada. Centímetros que mudam manchetes.

Daí em diante, a Udinese recuou um pouco mais e defendeu a área com zelo. A Inter martelou, cruzou, arriscou de média distância e empilhou finalizações. Faltou capricho no último toque e, em alguns lances, calma para fazer a bola chegar limpa ao homem livre. A fotografia dos números explica o drama: 16 finalizações dos nerazzurri contra 10 da Udinese e xG de 1,89 a 1,19, mas o placar não se moveu.

  • 17' — Gol da Inter: Dumfries, após jogada de Thuram.
  • 29' — Pênalti para a Udinese: mão de Dumfries; Keinan Davis converte.
  • 40' — Virada da Udinese: Arthur Atta acerta chute de fora da área, assistência de Davis.
  • 56' — Gol de Dimarco anulado: impedimento de Thuram na origem, confirmado pelo VAR.

Nos minutos finais, Cristian Chivu jogou o time ainda mais para frente, abriu mão de um volante e tentou povoar a área. Faltou a tal malícia que o próprio treinador cobrou depois do apito final — nas palavras dele, o elenco precisa estar disposto a “jogar sujo” quando o jogo exige, sem perder a cabeça, mas ganhando duelos e segundos lances.

O que muda para as duas equipes

O que muda para as duas equipes

Para a Inter, o recado é simples e incômodo: domínio territorial e volume de finalizações não garantem resultado quando a execução falha nos detalhes. A equipe criou, sim, mas esbarrou em dois fatores: decisões apressadas perto da área e dificuldade para quebrar a última linha quando o rival fecha por dentro. O VAR pesou em dois lances-chave — um contra e outro a favor da Udinese —, porém a diferença esteve mais na eficiência de cada lado.

Indivíduos contam, e muito, em jogos travados. Dumfries viveu extremos em 90 minutos. Thuram participou de lances importantes, mas acabou envolvido no impedimento que anulou o gol de empate. Dimarco foi opção constante no corredor esquerdo e quase mudou a história. Do outro lado, Keinan Davis foi o ponto de apoio que toda transição pede: segurou zagueiro, cavou faltas, ganhou tempo. Arthur Atta, por sua vez, teve frieza para finalizar no momento certo.

A Udinese sai com um prêmio grande: três pontos fora de casa no San Siro e um recorte simbólico — é a primeira vitória como visitante sobre a Inter desde 2017. Esse tipo de resultado muda vestiário. Dá confiança para repetir o plano: compacidade sem a bola, agressividade na primeira pressão pós-recuperação e coragem para finalizar quando a brecha aparece. Não foi acaso; foi execução consistente.

Há, também, impacto direto na briga pelo topo. A queda precoce da Inter tira o ar de invencibilidade logo na segunda rodada e reabre o tabuleiro para rivais que miram o título. Em um campeonato longo, pontos perdidos em casa contra equipes bem organizadas viram ruído lá na frente. Para a Udinese, é o tipo de noite que costuma salvar em termos de tabela: vitória grande que compensa tropeços esperados.

Olhando para frente, Chivu deve ajustar alguns detalhes. Quando o adversário fecha por dentro, a Inter precisa variar mais entre cruzamento tenso no primeiro pau, infiltração de meia vindo de trás e bolas trabalhadas por dentro com paciência. Também ajuda melhorar a seleção de chute: menos arremates contestados, mais situações claras dentro da área. O xG alto já indica que o caminho foi criado; falta transformar volume em gol.

Para a Udinese, manter a consistência defensiva é o desafio. A equipe suportou pressão longa, protegeu a zona entre zagueiros e volante e não se desesperou quando ficou encurralada. Com Davis como referência e meio-campo solidário, o time tem arma para incomodar qualquer um em contra-ataque. Em jogos de outra natureza, quando precisar propor, o teste será diferente.

O apito final deixou um choque de sensações. Frustração e dever de casa para a Inter; alívio e celebração para a Udinese. A tabela mal começou a tomar forma, mas a mensagem da rodada ficou clara: quem for clinical no terço final vai abrir caminho. E o San Siro, que costuma impor respeito, relembrou que estádio cheio não ganha jogo sozinho.

  • Compartilhar: