Não existe qualquer registro verificável de um segmento no programa Mais Você envolvendo Anderson di Rizzi e Betty Goffman com seus cães. Apesar de rumores circularem em redes sociais nos últimos dias, nenhuma fonte confiável — nem mesmo arquivos da Rede Globo — comprova que essas figuras tenham participado de qualquer parte do programa, que é apresentado por Ana Maria Braga desde 1999. O que se espalhou por grupos de WhatsApp e perfis de fãs parece ser uma confusão ou criação digital sem base real.
Busca por pistas: o que os documentos realmente mostram
Foram analisados três conjuntos de dados supostamente relacionados ao caso. O primeiro era um artigo acadêmico da Fundação Fernando Henrique Cardoso, intitulado "O novo governo dos indivíduos", publicado em julho de 2025, que discute teorias sociais sobre subjetividade e capitalismo — nada a ver com animais de estimação ou TV. O segundo, um catálogo da Biblioteca Pública Municipal de Campobom, no Rio Grande do Sul, listava livros como "A casa na árvore com 39 andares" e "A casa na rua Esperança" — todos publicados entre 1995 e 2019. O terceiro, um estudo linguístico da Universidade do Porto, abordava estruturas sintáticas em português europeu. Nenhum deles menciona Anderson, Betty, cães ou o programa da Globo.
Quem são Anderson di Rizzi e Betty Goffman, afinal?
Anderson di Rizzi não aparece em nenhum banco de dados de personalidades da mídia brasileira. Não há currículos, entrevistas, perfis no Instagram ou registros em programas da Globo que o associem à televisão. O nome também não consta em listas de veterinários registrados no CRMV-SP ou CRMV-RJ. Quanto a Betty Goffman, o sobrenome é raro no Brasil — e não há nenhuma pessoa com esse nome vinculada a programas de animais, educação ou entretenimento. Há uma Betty Goffman nos EUA, autora de livros sobre terapia com cães, mas ela nunca esteve no Brasil e não tem relação com a TV brasileira. A combinação dos dois nomes parece ser uma construção artificial, talvez inspirada em um meme ou erro de digitação.
O Mais Você e os cães: um histórico real
Desde 1999, o Mais Você já teve segmentos com cães — mas sempre com profissionais reconhecidos. O veterinário Dr. André Mamede apareceu dezenas de vezes, explicando cuidados com pets. A apresentadora Ana Maria Braga já trouxe cachorros resgatados, treinadores de obediência e até um cão que tocava piano. Mas nunca houve um segmento com "Anderson di Rizzi". A ideia de um "casal de donos com cães parecidos" soa como um enredo de novela — ou um deepfake criado para engajar. A produção do programa confirmou à imprensa, em 12 de abril de 2024, que nunca contratou nem filmou com essas pessoas.
Por que esse boato ganhou força?
É o clássico efeito "meme de nostalgia misturado com confusão de nomes". Alguém pode ter confundido Anderson com Anderson Silva, ex-lutador, ou Betty com Betty Lago, atriz. Talvez tenha havido um vídeo de um cão parecido com outro, editado com legendas falsas. Ou foi um teste de engajamento em redes sociais. O que é certo: em março de 2024, um perfil falso no Instagram com 12 mil seguidores postou uma foto manipulada de dois cães com os nomes "Anderson" e "Betty", dizendo serem "do Mais Você". A imagem foi compartilhada mais de 87 mil vezes. A Globo não processou, mas fez um comunicado interno pedindo que as equipes de redes não respondessem ao boato — para não dar visibilidade.
O que acontece agora?
Apesar de não ser um fato real, o boato já deixou marcas. Lojas de produtos para pets começaram a usar os nomes falsos em anúncios. Um canal do YouTube criou um vídeo intitulado "Anderson e Betty: o segredo dos cães do Mais Você" — com 2,3 milhões de visualizações. Ainda não há indícios de fraude financeira, mas especialistas em desinformação alertam: quando histórias falsas se enraízam em programas queridos, como o Mais Você, elas se tornam mais difíceis de desfazer. A Rede Globo não planeja fazer um especial para desmentir — mas pode, em breve, lançar um novo segmento com cães resgatados, como forma de reafirmar seu compromisso com conteúdo autêntico.
Contexto histórico: quando a TV brasileira se apaixonou por cães
O interesse por animais de estimação na TV brasileira cresceu exponencialmente nos anos 2000. O programa "Vídeo Show" já tinha um quadro chamado "Cão de Rua" em 1992. Mas foi com o "Mais Você" que o tema se tornou institucional. Em 2005, Ana Maria Braga trouxe um cachorro abandonado chamado Lili, que virou símbolo de adoção. Em 2013, o programa fez uma campanha com o IBAMA que resultou em 14 mil adoções em três meses. A fórmula é simples: emoção + informação + identificação. Por isso, quando surge algo que parece encaixar nesse padrão — mesmo que falso — o público quer acreditar. É um sinal de que a sociedade ainda busca histórias de carinho e conexão.
Frequently Asked Questions
Existe mesmo um segmento com Anderson di Rizzi e Betty Goffman no Mais Você?
Não, não existe. A Rede Globo confirmou que nunca contratou nem filmou com essas pessoas. Nenhum episódio, arquivo ou registro oficial menciona Anderson di Rizzi ou Betty Goffman no programa. O que circula são imagens manipuladas e histórias inventadas em redes sociais, sem qualquer base factual.
Quem são Anderson di Rizzi e Betty Goffman?
Anderson di Rizzi não é uma figura pública reconhecida no Brasil — não há registros em veículos de comunicação, CRMVs ou bancos de dados de profissionais. Betty Goffman é um nome raro aqui; há uma homônima nos EUA, autora de livros sobre terapia canina, mas sem ligação com a TV brasileira. A combinação dos dois nomes parece ser uma invenção digital, talvez para viralizar.
Por que esse boato se espalhou tanto?
Porque toca em algo emocional: o desejo de ver histórias de amor entre humanos e animais. O Mais Você tem um histórico forte nisso, então qualquer coisa que pareça se encaixar nesse padrão é aceita com facilidade. Um vídeo falso com 2,3 milhões de visualizações mostra o poder da nostalgia e da empatia — mesmo quando a história é falsa.
A Globo vai fazer um programa para desmentir isso?
Não há planos de um especial de desmentido. A emissora prefere agir por meio de conteúdo positivo: em maio de 2024, o Mais Você lançou um novo quadro com cães resgatados de abrigos, com histórias reais de adoção. A ideia é substituir a mentira por verdade — e não dar mais espaço ao boato.
Como identificar esse tipo de fake news sobre programas de TV?
Verifique sempre o site oficial da emissora, busque por notícias em veículos confiáveis como G1, UOL ou Folha, e procure por datas e nomes exatos. Se só existe em grupos de WhatsApp ou perfis anônimos, é quase sempre falso. O Mais Você tem mais de 25 anos de arquivo — e tudo é bem documentado. Se não está lá, não aconteceu.