Morre José Maria Marin, ex-presidente da CBF, aos 93 anos em São Paulo

Morre José Maria Marin, ex-presidente da CBF, aos 93 anos em São Paulo
  • jul, 21 2025
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José Maria Marin: vida marcada por futebol, política e polêmicas

José Maria Marin viveu intensamente o centro do poder no futebol brasileiro e também no cenário político de São Paulo. Nascido em 1932, ele começou sua trajetória pública ainda jovem. Primeiro, como vereador paulistano e deputado estadual nos anos 60 e 70, participando ativamente de uma época cheia de turbulências sociais e políticas, marcada pela Ditadura Militar. Sua ascensão continuou até alcançar os cargos de vice-governador e, depois, governador interino do Estado de São Paulo nos anos 80. 

No futebol, Marin se tornou uma figura onipresente. Presidiu a Federação Paulista de Futebol (FPF) entre 1982 e 1988, sendo responsável por decisões que impactaram clubes tradicionais e também promovendo campeonatos que ajudaram a popularizar ainda mais o esporte mais querido do Brasil. Na Copa do Mundo de 1986, liderou a delegação brasileira no México — uma das paixões que seguiram com ele até o fim da vida.

Da presidência da CBF ao banimento perpétuo do futebol

Com a saída de Ricardo Teixeira, em 2012, Marin assumiu o comando da CBF, o cargo mais alto do futebol brasileiro. Ele ficou conhecido por ser o presidente durante a preparação e a realização da Copa do Mundo de 2014, evento que projetou o Brasil no cenário global, mas também expôs contradições e problemas do futebol brasileiro, como obras atrasadas e denúncias de superfaturamento.

O que era para ser apenas mais um capítulo de destaque virou pesadelo. Em 2015, enquanto participava de um congresso do futebol internacional, Marin foi preso na Suíça por envolvimento em um escândalo mundial de corrupção investigado pelo FBI. Nos Estados Unidos, foi condenado, em 2018, por crimes de fraude e lavagem de dinheiro. Cumpriu parte da pena de quatro anos, sendo solto de forma antecipada por conta da idade e problemas de saúde, mas jamais recuperou prestígio: em 2019, a FIFA aplicou banimento definitivo, impedindo-o de atuar no futebol.

Nos últimos anos, Marin lidava com questões delicadas de saúde. Em 2023, sofreu um AVC que exigiu internação prolongada. Na noite de sábado, 20 de julho de 2025, teve um novo episódio de mal-estar em sua residência paulistana, sendo levado ao Hospital Sírio-Libanês. Não resistiu, falecendo pouco antes do amanhecer. O enterro, restrito a familiares e alguns antigos aliados, marcou o fim de uma trajetória que mistura conquistas, polêmicas e bastidores difíceis de apagar da memória de quem acompanhou o futebol e a política brasileira ao longo das últimas décadas.