O Brasileirão e a queda no número de gols dos artilheiros
O Campeonato Brasileiro sempre foi um palco para grandes goleadores, com nomes como Roberto Dinamite, Romário e Fred escrevendo suas histórias nas redes adversárias. Em 2024, no entanto, uma situação inusitada pode se confirmar: o artilheiro da Série A terminar o campeonato com a menor marca já registrada desde o início da era dos pontos corridos.
Para quem acompanha futebol, ver um artilheiro finalizar o torneio com poucos gols causa estranheza, especialmente quando antigas edições são lembradas. Roberto Dinamite anotou impressionantes 190 gols durante sua passagem pelo Brasileirão. Fred marcou 158. Já Romário cravou seu nome com 154 bolas na rede. Em temporadas marcantes, era comum que o principal goleador ultrapassasse a casa dos 20 gols, algo que para muitos parecia rotina e garantia de emoção até a última rodada.
Só que neste ano o cenário mudou. Ao analisar a atual tabela de artilharia, vemos nomes que ainda não conseguiram embalar grandes sequências nem marcar gols com a frequência esperada. O campeonato avançou, muitas equipes mantêm sistemas defensivos sólidos, e os atacantes encontram cada vez mais dificuldades para balançar as redes. Faltando apenas algumas rodadas para o encerramento da competição, o artilheiro da edição está distante dos números que costumavam ser referência.

O novo retrato da artilharia e o fantasma do recorde
Historicamente, o menor número de gols de um artilheiro em uma edição do Brasileirão chegou a ser próximo de 12 gols, número visto em edições com campeonatos mais curtos. De uns anos pra cá, porém, mesmo em torneios longos, essa marca baixou e acendeu o alerta para uma possível quebra de recorde negativo. Ou seja, existe o risco real de que, ao final de 2024, o título de goleador do Campeonato Brasileiro seja entregue a alguém com uma contagem pouco expressiva.
Essa tendência está relacionada a vários fatores, não só ao desempenho técnico dos atacantes. Um deles é o equilíbrio das partidas, com times jogando de maneira mais pragmática e preocupados com a defesa. Outro é o rodízio de jogadores, com técnicos poupando peças importantes para outras competições, o que diminui a continuidade dos principais goleadores ao longo da temporada.
Há também o fenômeno das lesões e suspensões, que afastam jogadores do topo da artilharia por rodadas importantes. Além disso, o constante assédio de clubes do exterior faz com que atletas em ascensão deixem o campeonato brasileiro no meio da competição, o que limita o potencial de gols marcados por nomes em destaque.
Pensando no passado recente, nomes como Germán Cano, Gabriel Barbosa (o Gabigol) e Ricardo Oliveira conseguiram boas marcas, mas agora nenhum atacante parece manter o ritmo necessário para romper barreiras e fugir desse recorde negativo.
Para o torcedor, tudo isso amplia o debate sobre a qualidade ofensiva dos times e sobre as mudanças no perfil do futebol brasileiro. Não se trata apenas de celebrar grandes goleadores do passado, mas de entender por que o atual cenário faz com que até o prêmio de artilheiro seja cada vez menos disputado no quesito gols marcados. Se a tendência se confirmar até a última rodada, 2024 vai entrar para a história não pelo brilho individual, mas por um recorde negativo que pouca gente desejava ver escrito.